quinta-feira, 24 de março de 2011
A Canção da Saudade
Que tarde imensa e fria!Lá fora o vento rodopia...Dança de folhas... Folhas, sonhos vãos, que passam, nesta dança transitória, deixando em nós, no fundo da memória,o olhar de uns olhos e a carícia de umas mãos. Ante a moldura de um retrato antigo, põe-se a gente a evocar coisas emocionais. Tolda-se o olhar, o lábio treme, a alma se aperta, tudo deserto... a vide em torno tão deserta que vontade nos vem de sofrer mais! Depois, há sempre um cofre e desse cofre tiramos velhas cartas, devagar...É a volúpia inervante de quem sofre: lêr velhas cartas e depois chorar. Que tarde imensa e fria! Nunca mais te verei... Nunca mais me verás...Lá fora o vento rodopia...Que desejo me vem de sofrer mais! (Olegário Mariano).
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