terça-feira, 15 de março de 2011

Quero que saibas uma coisa. Tu já sabes o que é: Se olho a lua de cristal, o ramo rubro do lento outono em minha janela, se toco junto ao fogo a implacável cinza ou o enrugado corpo da madeira, tudo me leva a ti, como se tudo o que existe, aromas, luz , metais, fossem pequenos barcos que navegam para estas tuas ilhas que me aguardam. Pois, ora, se pouco a pouco deixas de me amar, de te amar, pouco a pouco, deixarei. Se de repente me esqueces, não me procures, já te esqueci também. Se consideras longe e louco o vento de bandeiras que canta minha vida e te decides a me deixar na margem do coração no qual tenho raízes, pensa que nesse dia essa hora levantarei os braços me nascerão raízes procurando outra terra. Porém, se cada dia, cada hora, sentes que a mim estás destinada com doçura implacável, se cada dia se ergue uma flor a teus lábios me buscando, ai, amor meu, ai minha, em mim todo esse fogo se repete, em mim nada se apaga nem se esquece, do teu amor, amada,o meu se nutre, e enquanto vivas estará em teus braços e sem sair.(Pablo Neruda).

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